(Por: Márcia Christovam)

Nesta 5ª Reflexão focaremos o segundo aspecto indispensável ao Processo de Individuação: se permitir olhar e conhecer sua SOMBRA.

Para Jung a Sombra é o espaço inconsciente em nós que contém sentimentos primitivos, instintos reprimidos, traumas negados, dores suprimidas, enfim… é nosso Eu Escondido de nós mesmos!

Enquanto com as Personas eu posso me dar a conhecer como quero, escondendo certos aspectos nas interações sociais, na sombra estão escondidos os aspectos que nego, não para os outos, mas para mim mesmo!

Traumas vividos, medos negados, sonhos não realizados e já esquecidos, todo este conjunto de elementos guarda sua potência energética neste espaço psíquico inconsciente chamado por Jung de Sombra. Neste espaço também se encontram intactos os sentimentos renegados via processo educacional por serem considerados feios e inadequados. Este conjunto de emoções conecta-se energeticamente em torno de núcleos comuns e gera um potencial quase atômico no tocante ao seu poder e, é claro, pode ser usado para o bem ou para o mal!

Este é, inclusive, o grande risco de não conhecermos tais conteúdos, ou pior, ignorarmos sua existência, pois caso venham à tona de maneira desordenada existirá grande chance de que sua força se torne destrutiva, quer para nós mesmos (a exemplo das doenças psicossomáticas ou outros comportamentos autodestrutivos) quer para os outros (quando projeto em outrem este conteúdo interno que não aceito em mim).

Jung diz que “a coisa mais assustadora é aceitar a si mesmo” e naturalmente ninguém gostará de flagrar dentro de si ideias e sentimentos que lutou tanto para banir! Mas o problema é que, de acordo com o mesmo autor, “tudo o que você resiste, persiste”, de forma que a única maneira de evitar os resultados malévolos de uma verdade, emoção ou sentimento, é encara-los de frente e conversar com eles, e este é o princípio básico para se conhecer a Sombra.

Mas é importante salientar que na Sombra também está guardado nosso potencial positivo a ser atualizado. O lado desconhecido de nossa psique, que não trouxemos ainda à luz para ser vivido em forma de práticas positivas e construtoras de um mundo melhor para nós e para os outros. São nossos diamantes brutos ainda obscuros na caverna de nosso Eu, esperando para serem encontrados, lapidados e mostrados à luz do dia!

A permissão de olhar para a Sombra, e tudo o que ali existe, nos possibilitará recuperar o EU AUTÊNTICO! De acordo com Jung, “Ninguém se ilumina imaginando figuras de luz, mas se conscientizando da escuridão”, assim, este olhar pode ser até um remédio de gosto amargo, mas será, ao final, gerador de reconexões outrora até inimagináveis!

Que na batalha entre o MEDO (de olhar para minhas dores, mazelas, partes feias e desconhecidas) e o AMOR (que acolhe, aceita e integra), vença este último, que é nosso maior aliado para a construção de uma vida de felicidade, realização e saúde!!!