(Por: Márcia Christovam)

Nesta 6ª Reflexão focaremos o terceiro aspecto do Processo de Individuação: a INTEGRAÇÃO.

Vivemos em uma cultura que prega constantemente a DICOTOMIA, e na qual nosso olhar torna-se especialista em detectar as diferenças. Neste modelo mental a compreensão de conceitos se dá sempre através da exclusão de conjuntos de ideias. 

O tempo todo somos treinados para entender que “Ou é isso, ou é aquilo”, e um exército de captadores sensitivos de aspectos excludentes do mundo nos são entregues como ferramentas de ‘ser’ e ‘viver’ nesta existência!

Este modelo de análise do ambiente, entretanto, pode nos levar a alguns sofrimentos, à medida em que interpretamos pessoas e situações através destes absolutos: “ou é isso, ou é aquilo”. Então o amor da sua vida que foi escolhido justamente por ser um homem calmo, que nunca se irritava com nada, agora torna-se o marido insuportável por ser passivo, um verdadeiro banana! Mas não estamos falando de aspectos pertencentes a uma mesma realidade? Porém, para o olhar treinado nas dicotomias, o marido de hoje não tem nada a ver com o namorado um dia escolhido!

De fato, este modelo perceptivo nos impede de compreender aspectos complementares, e tendemos a nos tornar pessoas injustas e arbitrárias em nossos julgamentos, sofrendo e infringindo dor ao outro.

Outra possibilidade de leitura de mundo é a visão DIALÉTICA, onde o olhar gera integração, e mesmo os opostos podem ser percebidos como partes que se complementam. Dentro desta visão o mundo passa a ser lido e interpretado como um baú cheio de tesouros a serem explorados! Então eu posso perceber que você “É isso, e também é aquilo”.

É importante entender que estes dois modelos de percepção tanto servem para interpretar o mundo externo, como a nós mesmos.

Quando Jung propões a INTEGRAÇÃO como um último passo para a Individuação, ele nos remete à esta necessidade da visão dialética e integrativa, onde, após reconhecer minhas Personas e os diversos aspectos da minha Sombra, eu me assumo com a humildade de ‘ser quem sou’, no melhor e no pior, e com humor me aceito, integrando as partes e construindo um todo com potencial de maior saúde e maior realização de propósito no mundo!

Integrar como ato de aceitar as partes, incluindo aquelas que, a princípio, tendo a rejeitar. É uma tarefa desafiadora, porém, é o único caminho da saúde integral, afinal, como dizia Jung, “Só aquilo que somos tem o poder de curar”.

Integrar é perceber inclusive a intenção positiva de nossos pensamentos e sentimentos por vezes opositores, e perceber de maneira intuitiva que tudo tende a cooperar para um bem maior. Lembrando ainda Jung, “Não podemos mudar nada sem que primeiro nos aceitemos”, assim, que todas a mudanças almejadas para 2020 nasçam destas sementes lançadas no terreno fértil da autoaceitação e da integração capaz de promover a verdadeira evolução transformadora!!!