Neuropsicologia é uma especialização da Psicologia que estuda as relações entre o cérebro e suas manifestações nos comportamento humano através dos processos mentais, visando diagnosticar problemas destas funções neurológicas que possam estar interferindo nas funções cognitivas, comportamentais, motivacionais e emocionais.

A Neuropsicologia engloba conceitos da Neurologia, Neuroanatomia, Neurofisiologia, Neuroquímica e Psicologia. Ao longo das três últimas décadas estes conhecimentos têm evoluído e se modificado, levando ao desenvolvimento de novos métodos de avaliação, assim como tratamentos cada vez mais eficazes.

A Neuropsicologia tem como propósito tanto o diagnóstico quanto o tratamento que é feito através de estimulação, reabilitação e reeducação, assim como a orientação e direcionamento às famílias e pessoas que convivam com este paciente (outros profissionais da área da saúde, cuidadores, professores, etc). Tanto o Diagnóstico quanto o Tratamento pode ser realizado com crianças, adultos e idosos que apresentam alguma alteração cognitiva, emocional ou comportamental associada ás diversas patologias, lesões ou disfunções que afetam o sistema nervoso central.

Para entender mais:

Diagnóstico – Através do uso de instrumentos (testes, baterias, escalas) padronizados para avaliação das funções cognitivas, o Neuropsicólogo irá pesquisar o desempenho de habilidades como atenção, percepção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, aprendizagem, habilidades acadêmicas, processamento da informação, visuoconstrução, afeto, repertório comportamental, funções motoras e executivas. Esse diagnóstico tem por objetivo coletar os dados clínicos para auxiliar na compreensão do comprometimento funcional neurológico assim como a extensão das perdas que cada patologia provoca no sistema nervoso central de cada paciente. Mas possibilita também identificar as áreas preservadas e explorar as funções neuropsíquicas intactas. Em crianças e adolescentes em idade escolar, este diagnóstico é muito utilizado para entender a origem das alterações comportamentais, os prejuízos no desempenho escolar, dificuldades de aprendizagem ligadas às áreas de leitura, escrita, matemática, com foco na investigação de problemas como atenção, concentração, compreensão, memória, linguagem, dentre outras funções neuropsíquicas. A partir desta avaliação Neuropsicológica é possível estabelecer tipos de intervenção, de reabilitação particular e específica para indivíduos e/ou grupos de pacientes com disfunções adquiras ou não, genéticas ou não, primariamente Neurológicas ou secundariamente a outros distúrbios (dentre eles os Psiquiátricos).

Este Diagnóstico que contribui para que entenda o status da pessoa avaliada, pode inclusive contribuir para fins legais.

Tratamento (Reabilitação) – Com o diagnóstico em mãos é possível realizar as intervenções necessárias junto aos pacientes, para que possam melhorar, compensar, contornar ou adaptar-se às dificuldades. Essas intervenções podem ser no âmbito do funcionamento cognitivo, ou seja, no trabalho direto com as funções cognitivas (memória, linguagem, atenção, etc.) ou com um trabalho muito mais ecológico, no ambiente de convivência do paciente, junto de seus familiares, para que atuem como co-participantes do processo reabilitatório; junto a equipes multiprofissionais e instituições acadêmicas e profissionais, promovendo a cooperação na inserção ou re-inserção de tais indivíduos na comunidade quando possível, ou ainda, na adaptação individual e familiar quando as mudanças nas capacidades do paciente forem mais permanentes ou de longo prazo.

SAIBA MAIS:

O neurofisiologista Luria, da Universidade de Moscou, continuando estudos já existentes sobre as funções mentais superiores, gerou novas descobertas ao identificar três unidades funcionais da atividade cognitiva e suas respectivas funções:

  1. A unidade para regular o sono e vigília: responsável pelos diversos estágios que caracterizam o coma, o sono e a consciência.
  2. A unidade obter processar e armazenar informações: responsável pelos mecanismos da atenção e memória em que destacam-se as funções do sistema reticular ativador e do hipocampo.
  3. A unidade para programar regular e verificar a atividade mental: localizada no córtex frontal e sensorial e responsáveis pelas inteligências múltiplas (inteligência lingüística; inteligência musical; inteligência lógico-matemática; inteligência espacial; inteligência cinestésica; inteligência interpessoal; inteligência intrapessoal).

Acompanhamento clínico

Essa prática se da através do acompanhamento longitudinal do quadro de um paciente.

Ele será acompanhado com avaliações periódicas, instruções à família, a escola, reabilitação, bem como com intercâmbio com outros profissionais que o acompanham; estando ele aos cuidados de um hospital, em sua casa ou indo ao consultório.

Reabilitação cognitiva

Tem como objetivo corrigir ou atenuar os efeitos de déficits cognitivos genéricos, de forma que os pacientes encontrem meios adequados e alternativos para alcançar metas funcionais específicas. Consiste na reintegração do paciente junto ao seu ambiente social, profissional ou escolar.

Esse processo se da através do uso de técnicas adequadas a cada caso, a partir de uma avaliação minuciosa de todas as incapacidades e capacidades do paciente. É um trabalho em conjunto com a família, amigos, professores e profissionais de outras áreas, no intuito da proporcionar uma adaptação com qualidade de vida.