family on the field

 

Ser mãe é um presente. É como ganhar e doar ao mesmo tempo. É ver sua vida mudar por completo. É assumir uma grande responsabilidade sabendo que valerá apena. E por mais que a literatura e pesquisas cientificas tenham avançado no que diz respeito a maternidade, parece ainda não ser suficiente quando de fato alguém se torna mãe. Falam que quando o assunto é maternidade e criação de filhos, não tem receita, não é como fazer uma torta de morango, não basta só seguir todas as regras teoricamente certas.

As mães costumam dizer que o tempo passa rápido demais e logo as crianças crescem. E a adolescência? A impressão que sempre tenho é que ela não foi planejada tanto quanto a infância, as vezes eu sinto que os pais passam toda a infância dos filhos evitando pensar na adolescência e quando ela chega, ela vem como algo indigesto e os pais começam a torcer para que ela acabe logo.

Aquele quarto que antes os pais tinham livre acesso ganhou um “NÃO ENTRE” escrito na porta. Já não é pra todo lugar que o adolescente curte acompanhar os pais, a relação com as mídias e a tecnologia em geral preenche quase todo o tempo, a puberdade surge trazendo mudanças, a identidade se encontra em estado de crise e é nessa hora que eu vejo muitos pais fazendo a contagem regressiva para o fim dessa fase. Eu especialmente sempre me interessei pela adolescência, acredito que sempre a vi com bons olhos. Gosto de ouvir o desabafo dos pais, sempre sinto que de certa forma eles estão confusos e clamando por ajuda. Alguns tentaram de tudo que podiam e sabiam, outros se culpam pela rebeldia e conflitos do filho adolescente. Vejo uma busca por soluções rápidas e práticas e não é bem assim que as fases da vida funcionam.

Se você meu querido leitor é do time dos que acham a adolescência complicada de mais, se você é mãe ou pai e teme a chegada dessa fase ou se já está vivendo essa fase com seus filhos, comece mudando seu pensamento em relação a adolescência. Tente ler a respeito, entenda as mudanças físicas e emocionais e invista na boa relação. Troque as brigas e discussões em alta voz por longas conversas calmas e com um tom agradável, saiba quem são os amigos de seu filho e como está sendo sua rotina, mas, tome cuidado para não parecer uma espionagem. Acompanhe de perto sua vida escolar, fale com seu filho sobre sentimento emoção e pensamento, o que se fala se entende. Compartilhem bons momentos em família, dê a ele um pouco de espaço, isso é fundamental. Incentive-o a criatividade, ao novo, deixe-o fazer suas escolhas.

As escolhas de um filho adolescente nem sempre são como os pais querem, mas é importante deixá-los escolher, deixá-los tentar e se errarem também terá sido aprendizagem. Eu não posso afirmar até quando esses conflitos vão durar, talvez nunca acabem só se mudem de lugar, mas o que eu afirmo ser importante é a relação, é o contexto familiar. O contexto familiar é base, é estrutura, é força e não só para o adolescente. Conheça o seu filho, não dividam apenas o mesmo teto, faça da casa um lar, volto a dizer, não a receita pronta mas quando se tem bons ingredientes se tem esperança.

 Jéssika Rodrigues Souza, Psicóloga

CRP 09/011144