Por: Anelice Enes Bergé
A psicoterapia psicodinâmica é um método utilizado na pesquisa e no tratamento de dificuldades e/ou distúrbios psicológicos que leva em conta vários aspectos do paciente, tais como as experiências afetivas, intelectuais, vivências traumáticas reais e imaginárias. Assim como fatores históricos de sua vida e os acontecimentos atuais. Os sintomas apresentados pelo paciente, seus traços de caráter, bem como a relação dos fatores que afetam o funcionamento emocional consciente e inconsciente. É a visão do homem em seu contexto físico, emocional, histórico e social. Donde se incluem os aspectos antropológicos, seus costumes, crenças, etc.
Não podendo separar dos aspectos psicofisiológicos, pois os sintomas psicossomáticos são igualmente ligados ao seio desta orientação dinâmica. O homem é um ser biopsicossocial, o que implica que uma dificuldade emocional tem sua nuance de sintomas físicos com sua correspondência na vida social.
O trabalho do terapeuta psicodinâmico tem sua abordagem desde a prática da psicanálise tradicional como as psicoterapias psicanalíticas longas ou breves.
A teoria geral subjacente à esta prática psicoterapêutica é comum, mas diferentes variáveis são progressivamente distintas.
As dificuldades apresentadas pelo paciente são de diversos níveis ligadas a acontecimentos atuais, vivência familiar e as condições do seu desenvolvimento biopsicossocial.
O método psicoterapêutico pode se situar em um diálogo face a face ou com o paciente deitado, conforme os princípios psicanalíticos: a importância das primeiras experiências com a mãe e com a figura masculina, a sexualidade, os pequenos e grandes traumas infantis, as repressões dos mesmos, os mecanismos de defesa utilizados pelo paciente. Seu discurso livre é muito importante para se atingir a meta terapêutica. Dando-se importância essencial aos conteúdos conscientes a narrativa dos sintomas, que são de grande ajuda no processo terapêutico.
Assim, a psicoterapia é um processo que passa pelo corpo e a mente consciente, símbolos do inconsciente e as suas existências socioafetivas.
O contrário desta abordagem seria combater um sintoma sem conhecer a causa da doença, o que resultaria no aparecimento de outros sintomas como um sinal de alerta de que o “problema” persiste.
A psicoterapia psicodinâmica não é apenas para tratar os sintomas, mas as fontes, elementos ligados a ele, produzindo resultados ainda mais persistentes. Assim o desaparecimento temporário do sintoma não significa a cura completa.
Assim o objetivo principal é ajudar o paciente a vencer suas resistências internas e ressentir ou reviver, colocando em evidência sentimentos de sua vivência presente e passado, que foram recalcados por serem muito assustadores ou dolorosos.
A técnica é na maioria dos casos intensivas, o que ajuda o paciente a vivenciar e elaborar seus sentimentos na medida do possível, ela é a curto prazo de forma a realizar esta experiência o mais rapidamente possível. É dinâmica, pois esta terapia consiste em trabalhar com o inconsciente, as pulsões ou forças, a transferência e outros mecanismos defensivos observados.
Os pacientes chegam para a terapia seja por causa de sintomas seja por dificuldades interpessoais. Tais sintomas recobrem a ansiedade e a depressão, mas igualmente sintomas funcionais psicossomáticos, tais como dores de cabeça, problemas digestivos, etc.
Pode ser importante dar um prazo para a terapia. Em certos casos entre 20 a 40 sessões, em alguns casos de 20 a 25 sessões. Sem com isso ser necessário estipular uma data, mas enfatizando que não será longa como uma analise tradicional. Seu objetivo é ajudar o paciente a superar tais resistências internas e experimentar, vivenciar.
Base teórica da terapia psicodinâmica
A técnica de tratamento foi desenvolvida pelos anos de 1960 à 1990 por Habib Davanloo, psiquiatra e psicanalista em Montreal, tendo como base as frustrações acarretadas pela terapias longas e de eficácia limitada da cura psicanalítica.
Ele gravava as sessões de seus pacientes e depois as analisava detectando o momento, quando da necessidade de superar as resistências ou mecanismos que atuam para manter os sentimentos dolorosos e assustadores e evitar a proximidade interpessoal.
Seu objetivo era ajudar seus pacientes a superar tais resistências internas para experimentar seus sofrimentos vividos, mas que foram afastados da consciência por serem muito dolorosos e assustadores e que geraram os sintomas.
Dra Anelice Enes Bergé – Psicóloga Psicoterapeuta CRP 09/10148
Doutorado em Psicologia do Stress – Université de Rouen -Normandie France
Mestrado em Psicologia dos Processos Cognitivos e Afetivos – Université Paris X – Nanterre França.